sábado, 22 de dezembro de 2007

Mas afinal o que é que queres?

Medindo correctamente

"A primeira premissa é o que qualquer carpinteiro lhe diria: as ferramentas defeituosas são um sofrimento, mas são melhores do que martelar pregos com os dentes. A natureza da experiência subjectiva sugere que nunca haverá um felicitómetro - um instrumento perfeitamente fiável que permita a um observador medir com acuidade perfeita as características de uma experiência subjectiva de outra pessoa a ponto de a medida poder ser tomada, registada e comparada com outra. Se exigirmos esse nível de perfeição das nossas ferramentas, então o melhor é guardarmos os nossos instrumentos de rastreio visual, a imagiologia cerebral e os catálogos de cores e ceder o estudo das experiências subjectivas aos poetas, que fizeram um belo trabalho com ele durante séculos. Mas se fizermos isso, então é justo que lhes entreguemos o estudo de quase tudo o resto. Cronómetros, termómetros, barómetros, espectrómetros e qualquer outro aparelho que os cientistas usem para medir os objectos do seu interesse são imperfeitos. Cada um deles introduz um certo grau de erro nas observações que permite e é por isso que os governos e universidades pagam somas obscenas de dinheiro por versões ligeiramente melhoradas de cada um deles. E se estamos a deitar fora todas as coisas que nos permitem aproximações ainda que imperfeitas à verdade, então temos que descartar não só a psicologia e as ciências físicas como também o direito, a economia e a história. Em suma, se aderirmos ao padrão da perfeição em todos os empreendimentos, ficamos só com a matemática e o Álbum Branco dos Beatles. Por isso, talvez tenhamos que aceitar um pouco de imprecisão e parar de nos queixarmos."

Daniel Gilbert - Tropeçar na Felicidade